A decisão de punir Jasão, apoiada pelo coro de mulheres coríntias que a cerca, é precipitada pela ordem vinda de Creonte, rei de Corinto (não confundir com o homônimo tebano, cunhado de Édipo), para que ela deixe imediatamente a cidade, acompanhada dos filhos. Sem poder contar com o amparo de sua família – que traíra ao ajudar Jasão a se apoderar do velocino de ouro –, duplamente sem pátria, impedida de retornar à sua terra natal e expulsa de Corinto, Medeia prevê para si e para os filhos um futuro desonroso. O exílio é a “gota d’água” (aliás, título da peça em que Chico Buarque e Paulo Pontes revisitam a tragédia euripidiana, situando-a no subúrbio carioca na década de 1970).1 Jasão é culpado por subordinar os juramentos sagrados, com que se unira a Medeia, à sua sede de poder, abandonando a família à própria sorte